Caminhoneiros de Piacatu aderem à paralisação nacional da categoria


Profissionais da categoria reivindicam queda do preço do óleo diesel, entre outros benefícios

24/05/2018 10:23 - Atualizado em 05/11/2018 15:12 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Caminhoneiros de Piacatu com seus caminhões na entrada da cidade

Caminhoneiros do município de Piacatu (SP) aderiram à greve nacional que iniciou no último dia 22 e também cruzaram os braços até que o governo federal atenda a reivindicação da categoria, que é a redução do valor do óleo diesel.

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) 2016, o município de Piacatu possui 94 caminhões que integram uma frota de 2.840 veículos. Porém, apenas 10% dos caminhões estão parados em frente a um posto de combustíveis, que fica localizado em uma das entradas da cidade.

Mesmo assim, o grupo acredita que os demais caminhoneiros do município estejam com os caminhões parados pelas estradas brasileiras em apoio a greve da categoria.

Trabalhando como caminhoneiro há 30 anos, Eulo Boscache, mais conhecido como Magrão, 66 anos, morador de Piacatu, informou que a greve da categoria está sendo pacífica e pediu a união de todos os caminhoneiros.

“Cadê os produtores rurais e os donos de transportadoras para somarmos forças junto ao movimento? Estamos em greve por melhorias para todos. Nada mais justo que eles se juntarem à nós”, cobrou Boscache.

O caminhoneiro Gilvanio Rodrigues Bezerra, o Tim, 48 anos, que trabalha nesta categoria há 19 anos, frisou que o objetivo da paralisação dos caminhoneiros também deve resultar na redução dos valores da gasolina e do etanol, apesar de o movimento ter focado na cobrança da redução do valor do óleo diesel.

“Com esta greve, acreditamos e esperamos que deva ocorrer um efeito cascata na queda do preço dos combustíveis em geral por todo o país. A categoria também reivindica uma redução no valor cobrado pelos pedágios, assim como o custo do frete seja revisto”, informou Bezerra.

GOVERNO FOI ALERTADO

De acordo com a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), no dia 16 de maio foi apresentado um ofício ao governo federal pedindo o congelamento do preço do óleo diesel e a abertura de negociações, mas foi ignorada.

Então, no dia 18, a organização emitiu um comunicado mencionando a possibilidade de paralisação a partir de segunda-feira (21), o que de fato ocorreu. Segundo a CNTA, a paralisação estava sendo discutida “pelos caminhoneiros e sindicatos da categoria, nas redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas”. Não há data prevista para o fim do movimento.

SEM AUMENTO POR SEIS MESES

O presidente Michel Temer (MDB) cedeu a auxiliares e a caciques de sua base aliada no Congresso Nacional a tarefa de fazer frente ao impasse. Mas os grevistas já adiantaram que querem o óleo diesel sem aumento nos próximos seis meses.

O presidente da Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros), José Araújo Silva, esteve reunido ontem (23) na Casa Civil durante três horas com os auxiliares do presidente da República.

Em entrevista ao site Congresso em Foco, o presidente da Unicam disse que daqui para frente os caminhoneiros não vão abrir mão. “Tem que mudar. Eles viram que, com o país parado, não é brincadeira. Tem pessoas que estão aqui [em Brasília] e foram viajar, mas estão voltando para o hotel porque no aeroporto não tem querosene para os aviões, pois os caminhões [transportadores] estão parados lá em Goiânia (GO), não conseguem passar. O governo entendeu que não tem para onde correr. O que estamos percebendo é que a sociedade também vai entrar nessa história”, declarou.