Mulher acusa sargento da PM de Clementina de agressão e ameaça


Mulher que denunciou o caso junto ao MP de Birigui já tem passagem pela PM

14/06/2013 11:36 - Atualizado em 05/11/2015 15:40 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Sargento PM Rodrigues informou que aguardará a apuração

A trabalhadora rural Marilene da Silva Mendes, moradora do bairro Jardim Planalto, de Clementina, registrou junto ao Ministério Público de Birigui denúncia de agressão e ameaça contra o sargento PM Odair Rodrigues, que é responsável pelo policiamento no município. A denúncia foi acatada pelo promotor de Justiça de Birigui, Maurício Carlos Fagnani Zuanaze.

O caso se tornou público nesse dia 11 durante sessão da Câmara de Vereadores de Clementina, ocasião em que a denunciante encaminhou cópia de seu depoimento ao Legislativo. O conteúdo da denúncia foi lido em plenário. Marilene não compareceu à sessão.

A leitura do depoimento foi acompanhada pelo acusado, sargento PM Rodrigues, por soldados militares, pelo comandante da 2ª Companhia da Polícia Militar de Penápolis, capitão PM Luiz Antonio Flauzinho, e alguns munícipes.

No documento, Marilene relata que os casos de agressão e ameaças começaram em agosto do ano passado, época em que o sargento PM Rodrigues teria solicitado a ela para pernoitar em sua casa. Segundo ela, isso teria ocorrido três vezes, sendo que, na última vez, disse ter percebido o militar olhando e piscando para a esposa de seu filho.

De acordo com a denunciante, no dia seguinte, ao retornar do trabalho, encontrou o carro do sargento parado na contramão em frente sua casa, momento em que suspeitou que o militar estaria tendo um caso com a nora.

Diante da hipótese, Marilene pediu que o policial não retornasse mais a sua casa. Como resposta, ela disse ter ouvido do sargento de que ele era “autoridade máxima da cidade”. No entanto, segundo a denunciante, os ‘encontros’ seguiram por mais dez dias, até que seu filho descobriu o caso e mandou a esposa embora.

INÍCIO DAS AGRESSÕES

Conforme relato de Marilene, a primeira de várias agressões e ameaças aconteceu em 23 de agosto, por volta das 12h, quando o sargento PM Rodrigues foi até seu trabalho alegando precisar falar com ela urgente, ocasião em que ela teria se recusado por estar com panelas no fogo.

“Em ato contínuo, ele esfregou seu celular em meu rosto, dizendo que minha nora havia ligado para ele [...] e passou a me empurrar e a me ofender, xingando-me de vagabunda, vadia [...] depois me desferiu um chute nas nádegas, me levando ao chão”, diz trecho do documento lido na Câmara.

No mesmo dia, por volta das 14h, quando já estava em sua casa, Marilene mencionou em depoimento que o policial chegou em sua casa chutando o portão e voltou a xingá-la e a desferir tapas no rosto dela, dizendo que a qualquer momento iria prendê-la.

“Diante da situação, eu perdi o controle e revidei, passei a xingá-lo também [...] momento em que ele me imobilizou e colocou dentro da viatura. Em seguida, passou a rodar pela cidade me ofendendo. [Ele] parou a viatura no Autoposto Rodeio, abriu a porta da viatura e, mediante tom irônico, perguntou aos funcionários e demais pessoas presentes se ‘eles conheciam esta vagabunda’”, diz trecho do depoimento. A mesma situação teria acontecido em frente a uma agência bancária do município.

De acordo com Marilene, aproximadamente meia hora depois, o sargento PM Rodrigues a levou para o prédio da delegacia, onde teria desferido mais tapas em seu rosto e a ofendido. Por volta das 20h30, segundo o documento, o policial colocou suas mãos sobre as de Marilene e perguntou se ela podia perdoá-lo.

Como a mulher se negou a perdoá-lo, consta no depoimento que o sargento teria perdido o controle e sacado a arma e apontado na cabeça de Marilene, dizendo que iria matá-la. Diante dos fatos, no dia 28 de agosto a mulher denunciou o caso no Ministério Público de Birigui, diretamente com o promotor de Justiça.

OUTRO LADO

Durante a sessão, o sargento PM Rodrigues mencionou que a denunciante já tem passagem pela polícia, mas não negou as acusações. “Vamos deixar que a polícia apure os fatos e as providências sejam tomadas”, disse.

VEREADORES

Após ouvir a leitura da denúncia e a versão do sargento PM Rodrigues e do capitão PM Flauzino, o vereador Celso Molina Zanini (PMDB) disse ver “um bom trabalho do sargento”, seja em eventos, em frente às escolas ou inibindo eventuais delitos. “Não é uma defesa; é o que eu vejo”, ressaltou o parlamentar.

Já o vereador Ademar Ferreira Mota (DEM) frisou que “a Câmara é apenas ouvinte, pois, não cabe aos vereadores este tipo de investigação”. Ele disse ainda confiar na Polícia Militar e Ministério Público. “Ambas as instituições estão preparadas para apurar os fatos”, finalizou.

O presidente da Câmara, João Luiz Rodrigues, o João do Cotiê (PSB), informou que a Câmara Municipal não tem competência para tomar nenhuma providência com relação às denúncias, mas que encaminhará cópia do requerimento aos órgãos competentes para apurar os fatos.