Otávio Manhani/Jornal Comunicativo
Dezoito dias após os funcionários do Hospital Beneficente Padre Bernardo Braakhuis, de Bilac, terem entrado em greve no dia 30 de janeiro devido à falta de pagamento salarial, a entidade fechou as portas de vez nesse dia 17.
A entidade, que prestava até 100 atendimentos diários, também atendia pacientes de Gabriel Monteiro, Piacatu e Santópolis do Aguapeí. A AHBB (Associação Hospitalar Beneficente do Brasil), que administra o hospital, alega que a situação chegou a este ponto devido à falta de recursos financeiros que a Prefeitura de Bilac deixou de repassar à entidade desde julho de 2015.
O Ministério Público deu cinco dias úteis, a contar do dia 17, para que os prefeitos dos quatro municípios atendidos pelo hospital restabeleçam a prestação do serviço integral. Do dia 2 de fevereiro até o dia 17, o período de atendimento foi reduzido de 24 para 12 horas, sendo das 7h às 19h.
Com o prazo esgotado e nada resolvido, a Prefeitura de Gabriel Monteiro solicitou mais dez dias para os municípios tentarem uma solução. O pedido foi aceito pela Promotoria e o prazo termina no dia 10 de março. Caso as Prefeituras não atendam ao pedido dentro do prazo, o Ministério Público deverá acionar a Justiça.
Desde as paralisações no ano passado até o fechamento do hospital, o Sinsaúde (Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde) de Araçatuba e Região cobra uma solução urgente das autoridades.
AHBB emite carta aberta à população e diz que boa assistência à saúde exige recursos
Com o fechamento do Hospital Beneficente Padre Bernardo, de Bilac, nesse dia 17, os pacientes que necessitam de atendimento de urgência e emergência estão sendo enviados de ambulância para o Pronto-Socorro de Birigui.
O fechamento, que é por prazo indeterminado, foi ocasionado por uma crise financeira enfrentada pela AHBB (Associação Hospitalar Beneficente do Brasil), que administra o hospital, tendo como justificativa a falta de repasse financeiro que a Prefeitura de Bilac deixou de enviar à entidade desde julho de 2015, que hoje chega a quase R$ 1 milhão.
Os funcionários do hospital entraram em greve no dia 30 de janeiro para pressionar a AHBB a pagar os salários de dezembro do ano passado e janeiro deste ano, os quais estão atrasados. Os funcionários também reivindicam o 13º salário de 2015 e 2016 e, ainda, o reajuste das categorias, que não é feito desde 2015.
Antes mesmo de o hospital ter fechado as portas, encerrando de vez o atendimento ao público, a AHBB emitiu uma carta aberta à população nas redes sociais para informar sobre a situação do hospital.
A carta aberta inicia dizendo que a AHBB foi procurada pela Prefeitura de Bilac no final de 2014 com o objetivo de buscar uma solução que evitasse o fechamento do Hospital Beneficente Padre Bernardo.
“Nesta ocasião, o hospital encontrava-se em delicada situação financeira, com meses de atraso no pagamento dos funcionários, além de dívidas com médicos e fornecedores. Vale destacar ainda que toda a antiga diretoria tinha renunciado e o hospital continuava aberto somente pelo comprometimento e esforço de funcionários com anos de casa”, diz trecho da carta.
De acordo com o documento, a solução proposta pela AHBB foi de assumir a administração do Hospital Beneficente Padre Bernardo no primeiro semestre de 2015, o que, de fato, ocorreu.
A carta aberta menciona que o planejamento previa que a Prefeitura de Bilac faria repasses mensais no valor de R$ 50 mil com o intuito de contribuir com parte das despesas do atendimento à população.
Também seria contratado com as Prefeituras de Gabriel Monteiro, Santópolis do Aguapeí e Piacatu pagamentos proporcionais que contribuíssem para a manutenção do hospital.
No entanto, de acordo com a carta aberta, 18 meses depois a AHBB diz se esforçar mensalmente para conseguir manter os compromissos financeiros do hospital, pois o acordo de repasse prometido pela Prefeitura de Bilac não foi cumprido, gerando uma dívida de quase R$ 1 milhão.
“A boa assistência à saúde exige recursos financeiros correspondentes e o desafio colocado para as novas administrações municipais, neste momento de crise econômica nacional, é o de priorizar e otimizar os recursos direcionando-os para o que é mais importante para a população”, reforça a nota emitida pela AHBB.
A AHBB apresentou um plano às Prefeituras com um custo aproximado de R$ 190 mil ao mês, a ser dividido pelos quatro municípios, rateando-se pela quantidade de habitantes.
Por não ter tido um consenso, o hospital teve que ser fechado por falta de recursos financeiros que o possibilitasse de honrar com os compromissos mensais.