Hospital de Bilac fecha as portas e pacientes são enviados para atendimento em Birigui


Funcionários e profissionais sem receber salário e a falta de repasse à entidade causou o fechamento

27/02/2017 13:46 - Atualizado em 03/04/2017 17:25 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Hospital de Bilac permanece fechado até que situação seja resolvida

Dezoito dias após os funcionários do Hospital Beneficente Padre Bernardo Braakhuis, de Bilac, terem entrado em greve no dia 30 de janeiro devido à falta de pagamento salarial, a entidade fechou as portas de vez nesse dia 17.

A entidade, que prestava até 100 atendimentos diários, também atendia pacientes de Gabriel Monteiro, Piacatu e Santópolis do Aguapeí. A AHBB (Associação Hospitalar Beneficente do Brasil), que administra o hospital, alega que a situação chegou a este ponto devido à falta de recursos financeiros que a Prefeitura de Bilac deixou de repassar à entidade desde julho de 2015.

O Ministério Público deu cinco dias úteis, a contar do dia 17, para que os prefeitos dos quatro municípios atendidos pelo hospital restabeleçam a prestação do serviço integral. Do dia 2 de fevereiro até o dia 17, o período de atendimento foi reduzido de 24 para 12 horas, sendo das 7h às 19h.

Com o prazo esgotado e nada resolvido, a Prefeitura de Gabriel Monteiro solicitou mais dez dias para os municípios tentarem uma solução. O pedido foi aceito pela Promotoria e o prazo termina no dia 10 de março. Caso as Prefeituras não atendam ao pedido dentro do prazo, o Ministério Público deverá acionar a Justiça.

Desde as paralisações no ano passado até o fechamento do hospital, o Sinsaúde (Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde) de Araçatuba e Região cobra uma solução urgente das autoridades.

AHBB emite carta aberta à população e diz que boa assistência à saúde exige recursos

Com o fechamento do Hospital Beneficente Padre Bernardo, de Bilac, nesse dia 17, os pacientes que necessitam de atendimento de urgência e emergência estão sendo enviados de ambulância para o Pronto-Socorro de Birigui.

O fechamento, que é por prazo indeterminado, foi ocasionado por uma crise financeira enfrentada pela AHBB (Associação Hospitalar Beneficente do Brasil), que administra o hospital, tendo como justificativa a falta de repasse financeiro que a Prefeitura de Bilac deixou de enviar à entidade desde julho de 2015, que hoje chega a quase R$ 1 milhão.

Os funcionários do hospital entraram em greve no dia 30 de janeiro para pressionar a AHBB a pagar os salários de dezembro do ano passado e janeiro deste ano, os quais estão atrasados. Os funcionários também reivindicam o 13º salário de 2015 e 2016 e, ainda, o reajuste das categorias, que não é feito desde 2015.

Antes mesmo de o hospital ter fechado as portas, encerrando de vez o atendimento ao público, a AHBB emitiu uma carta aberta à população nas redes sociais para informar sobre a situação do hospital.

A carta aberta inicia dizendo que a AHBB foi procurada pela Prefeitura de Bilac no final de 2014 com o objetivo de buscar uma solução que evitasse o fechamento do Hospital Beneficente Padre Bernardo.

“Nesta ocasião, o hospital encontrava-se em delicada situação financeira, com meses de atraso no pagamento dos funcionários, além de dívidas com médicos e fornecedores. Vale destacar ainda que toda a antiga diretoria tinha renunciado e o hospital continuava aberto somente pelo comprometimento e esforço de funcionários com anos de casa”, diz trecho da carta.

De acordo com o documento, a solução proposta pela AHBB foi de assumir a administração do Hospital Beneficente Padre Bernardo no primeiro semestre de 2015, o que, de fato, ocorreu.

A carta aberta menciona que o planejamento previa que a Prefeitura de Bilac faria repasses mensais no valor de R$ 50 mil com o intuito de contribuir com parte das despesas do atendimento à população.

Também seria contratado com as Prefeituras de Gabriel Monteiro, Santópolis do Aguapeí e Piacatu pagamentos proporcionais que contribuíssem para a manutenção do hospital.

No entanto, de acordo com a carta aberta, 18 meses depois a AHBB diz se esforçar mensalmente para conseguir manter os compromissos financeiros do hospital, pois o acordo de repasse prometido pela Prefeitura de Bilac não foi cumprido, gerando uma dívida de quase R$ 1 milhão.

“A boa assistência à saúde exige recursos financeiros correspondentes e o desafio colocado para as novas administrações municipais, neste momento de crise econômica nacional, é o de priorizar e otimizar os recursos direcionando-os para o que é mais importante para a população”, reforça a nota emitida pela AHBB.

A AHBB apresentou um plano às Prefeituras com um custo aproximado de R$ 190 mil ao mês, a ser dividido pelos quatro municípios, rateando-se pela quantidade de habitantes.

Por não ter tido um consenso, o hospital teve que ser fechado por falta de recursos financeiros que o possibilitasse de honrar com os compromissos mensais.