Nem toda criança inquieta é hiperativa, diz psicopedagoga


Antonia Elenir Vidoto recomenda cuidado ao diagnosticar paciente

29/04/2013 20:36 - Atualizado em 11/08/2019 20:44 | Por: Otávio Manhani

Divulgação/Arquivo Pessoal

Para especialista, é importante estudar o ambiente familiar da criança

As crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade são facilmente encontradas em clínicas, escolas e até mesmo em casa. De acordo com a psicopedagoga Antonia Elenir Vidoto, é necessário cuidado na hora de diagnosticar os pacientes. Por isso, esclarece dúvidas sobre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

De acordo com a especialista, o maior desconforto para a criança é a dificuldade de prestar atenção, o que pode ser identificado nos seguintes sintomas: dificuldade de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades escolares e de trabalho; dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; parece não escutar quando lhe dirigem a palavra; não seguir instruções e não terminar tarefas escolares, domésticas ou deveres profissionais; dificuldade em organizar tarefas e atividades; evitar, ou relutar, em se envolver em atividades que exijam esforço mental constante; perder coisas necessárias para tarefas e atividades; ser facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa e apresentar esquecimento em atividades diárias.

A psicopedagoga explica que as principais características corporais presentes nos hiperativos são agitar as mãos ou os pés ou se remexer na cadeira; ter dificuldade de permanecer sentado na cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado; correr ou escalar excessivamente, em situações nas quais isso é inapropriado; dificuldade em se envolver silenciosamente em tarefas de lazer; dificuldade ao brincar; falar em demasia, estar sempre agitado.

“As pessoas que possuem o déficit de atenção e hiperatividade respondem as perguntas que lhes são feitas muito antecipadamente; não são capazes de esperar a sua vez e sempre procura entrar em assuntos de outras pessoas”, explica Antonia.

Segundo a especialista, a hiperatividade e a impulsividade são as causas de problemas na relação das crianças com os pais, amigos e com o meio escolar. “Para se diagnosticar o transtorno de déficit atenção e hiperatividade é preciso entrar em contato com a história de vida da criança. Alguns pontos devem ser identificados para a realização do diagnóstico preciso desta criança, como a duração dos sintomas de desatenção ou hiperatividade/impulsividade”, destaca.

Para a psicopedagoga, é comum as crianças com este transtorno apresentarem os sintomas desde a Pré-escola, ou em período de muitos meses de sintomatologia intensa. O aparecimento de sintomas de desatenção ou hiperatividade/impulsividade por curtos períodos (dois a três meses) que se iniciam claramente após um desencadeamento psicossocial (por exemplo, separação dos pais e outros) pode não ser diagnosticado como um quadro clínico de déficit de atenção e hiperatividade, sendo assim mais um sintoma do que parte de um quadro do transtorno.

De acordo com Antonia, é preciso que seis ou mais sintomas prescritos anteriormente sejam presentes para que haja um diagnóstico de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. “Também é necessário que estes sintomas sejam presentes em vários ambientes da criança, por exemplo, em casa e na escola e permanecer constantemente ao longo do período avaliado”, acrescenta.

“Quando os sintomas acontecem em casa ou apenas na escola, deve alertar um quadro clínico para uma possibilidade de que a desatenção, a hiperatividade ou a impulsividade possam ser apenas sintomas de uma situação familiar caótica ou de um sistema de ensino inadequado”, completa.

Para a profissional, a avaliação de um quadro clínico de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade deve ser feita analisando todo o ambiente da vida da criança, avaliando o tempo de duração dos sintomas e se os sintomas são de ordem suficiente para que se enquadre em tal transtorno. “É importante também estudar o meio familiar, social, educacional da criança”, finaliza.

A profissional ressalta que, ao contrário do que se pensa, a incidência de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade não acontece apenas com crianças, mas também com adolescentes e adultos.