Divulgação/Arquivo Pessoal
Maria José Rodrigues, popularmente conhecida como Ika, 56 anos, foi internada na madrugada de hoje (1º) na Santa Casa de Araçatuba com 90% do corpo queimado. A Polícia Civil investiga o caso tendo como principal suspeita de ela ter sido vítima de violência doméstica.
Ika e o companheiro, de 48 anos, moram em uma casa localizada na Avenida Dr. José Benetti, no centro de Piacatu. De acordo com relatos de vizinhos, o companheiro de Ika disse que ela teria se queimado ao tentar acender a churrasqueira.
Conforme apurado pela reportagem, Ika foi levada à Santa Casa de Araçatuba pelo companheiro. Ela apresentava queimaduras de segundo grau em todo o corpo, estava inconsciente e foi necessário ser intubada. Diante da situação, a Polícia Militar foi acionada no hospital.
Os policiais entraram em contato com uma filha da vítima, a qual relatou aos militares que sua mãe já havia sido agredida fisicamente pelo companheiro em situações anteriores. O suspeito foi encaminhado ao plantão policial para prestar esclarecimentos sobre o ocorrido.
DEPOIMENTO
De acordo com o suspeito, no domingo (30) ele e a companheira teriam feito um churrasco no horário de almoço, ocasião em que ingeriram bebidas alcóolicas. Ao final da tarde, o suspeito disse ter recebido a visita de um amigo, o qual teria ido embora por volta das 21h30.
Segundo relato do companheiro da vítima, por volta das 22h o casal resolveu reacender a churrasqueira, ocasião em que ele teria solicitado à mulher que acendesse enquanto ele foi buscar mais cerveja no açougue que ele tem, que é anexo à sua casa.
Durante esse intervalo, ele disse ter escutado a mulher gritar e, ao chegar até ela, viu a companheira com o corpo em chamas, momento em que relatou ter jogado ela no chão na tentativa de tirar as roupas dela e apagar o fogo com as mãos.
Assim que conseguiu apagar as chamas, ele disse ter levado a vítima para tomar um banho e viu que a pele do corpo dela estava soltando. Após o banho, ele relatou ter utilizado nela um antibiótico em spray sobre as queimaduras.
Mesmo a vítima estar com o corpo todo queimado, ao invés de procurar ajuda ou ligar para uma ambulância, o companheiro a deixou em casa, alegando que ela disse que não seria necessário. Segundo ele, Ika começou a reclamar de dor por volta das 2h, ocasião em que a levou para o hospital.
O companheiro da vítima justificou aos policiais ter utilizado as próprias mãos para apagar as chamas devido não ter nenhuma toalha ou cobertor no quintal no momento do ocorrido. Ele também garantiu que em momento algum discutiu com a vítima e que não pediu ajuda aos vizinhos por não ter lembrado.
Questionado sobre a vítima estar com o maxilar fraturado, o companheiro explicou que a lesão pode ter acontecido no momento em que ele a jogou no chão na tentativa de conter o fogo. Com relação à perda de consciência da vítima, ele disse que tal situação pode ter ocorrido durante o trajeto entre Piacatu a Araçatuba.
Embora suspeito, o companheiro de Ika foi liberado pelo delegado devido à falta de provas de possível crime, assim como da impossibilidade de ouvir a vítima sobre o caso. Um inquérito deve ser instaurado nos próximos dias.