Morre moradora de Piacatu que teve 90% do corpo queimado


Companheiro da vítima teve prisão decretada por suspeita de ser o responsável

21/05/2023 11:40 - Atualizado em 29/06/2025 19:57 | Por: Otávio Manhani

Divulgação/Arquivo Pessoal

Maria José Rodrigues, a Ika

Morreu na manhã deste domingo (21), na Santa Casa de Araçatuba (SP), Maria José Rodrigues, popularmente conhecida como Ika, 56 anos, moradora de Piacatu. Ela estava internada desde o dia 1º de maio com 90% do corpo queimado e aguardava vaga para ser transferida em um hospital de referência em tratamento de queimados, mas não resistiu aos ferimentos.

Conforme apurou a reportagem, o óbito foi constatado às 8h24 de hoje e o corpo de Ika foi encaminhado para exame necroscópico. Um boletim de ocorrência foi registrado por Antonio Marcos da Silva, que é filho do primeiro relacionamento de Ika.

Após os exames, o corpo será liberado para velório e sepultamento, que deve acontecer em Piacatu. De acordo com familiares, o corpo de Ika será sepultado junto de seu filho caçula, Janderson Henrique de Oliveira, que faleceu aos 27 anos, em novembro de 2020.

Já o companheiro dela, de 48 anos, encontra-se preso. Ele teve a prisão decretada por ser suspeito de cometer violência doméstica contra Ika, que foi internada com diversos ferimentos, entre eles, o maxilar fraturado, além do corpo estar 90% queimado.

ENTENDA O CASO

Ika deu entrada na Santa Casa de Araçatuba na madrugada do dia 1º de maio. Ela foi apresentada pelo seu companheiro, que disse aos atendentes que ela teria se queimado ao tentar acender uma churrasqueira com álcool na noite anterior, por volta das 22h.

Diante da suspeita de violência doméstica, a Polícia Militar foi acionada. Indagado pelos policiais, o companheiro de Ika disse que ambos ingeriram bebida alcoólica em casa durante um churrasco no almoço e que, à noite, resolveram reacender a churrasqueira.

Ele relatou que no momento em que foi buscar mais cerveja em seu açougue, que fica anexo à sua casa, ouviu Ika gritar, ocasião em que a encontrou com o corpo em chamas. Diante da situação, ele disse ter jogado ela no chão para tentar tirar a roupa dela para apagar as chamas.

Na sequência, disse ter dado um banho na vítima, ocasião em que percebeu a pele de Ika se soltar. Posteriormente, disse ter deitado a companheira na cama e passado um antibiótico em spray sobre as queimaduras. Segundo ele, apenas às 2h da manhã é que Ika teria reclamado de dores excessivas.

Questionado pelos policiais o motivo de não ter socorrido a mulher ao hospital imediatamente, ele respondeu que ela teria dito que não precisava, assim como ele informou não ter solicitado socorro aos vizinhos por não ter se lembrado. Devido à falta de provas, o suspeito foi liberado após ser ouvido no plantão policial e foi instaurado um inquérito.

CONTRADIÇÃO

Conforme apurou a reportagem, dias após o ocorrido, o suspeito foi intimado a prestar depoimento na Delegacia de Polícia Civil de Piacatu, ocasião em que ele teria entrado em contradição por diversas vezes.

Na ocasião, ao solicitar a prisão do suspeito, o delegado de polícia considerou que entre o acontecimento dos fatos e o socorro médico à vítima, teve um intervalo de cinco horas. O delegado também citou que o local onde ocorreu os fatos estava limpo quando a perícia chegou.

Outro fato que reforçou o pedido de prisão do suspeito foi devido o casal ter histórico de violência doméstica, segundo relato da filha de Ika, fruto de seu primeiro relacionamento. Diante das suspeitas, o delegado considerou que o investigado poderia estar ocultando um crime.

Com o depoimento contraditório e a suspeita de ser o responsável pela morte de Ika, o companheiro da vítima foi preso temporariamente e permanece à disposição da Justiça.