Produtores rurais da colônia japonesa participam de Dia de Campo


Evento foi o 42º encontro de agricultores da colônia japonesa da região Noroeste do Estado de São Paulo

20/06/2014 15:26 - Atualizado em 19/07/2014 13:50 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Souza explica aos produtores rurais a maneira correta de extrair látex

Produtores rurais da colônia japonesa participaram no dia 15 deste mês (domingo) do 42º Encontro de Agricultores da Noroeste. O município sede deste ano foi Gabriel Monteiro, onde os participantes foram recepcionados pelo presidente da Associação Nipo-Brasileira do município, Celso Massahiro Takahashi, no salão paroquial da igreja matriz de São Pedro Apóstolo, às 8h.

Durante as visitas em campo, os participantes foram divididos em três grupos. O primeiro local a ser visitado foi o sítio Suenaga, de propriedade de Júlio Seiji Takahashi, em Piacatu. As visitas foram simultâneas, ou seja, enquanto um grupo conhecia a cultura do caju, outro visitava a seringueira e outra a criação de pirarucu.

Os produtores rurais também conheceram uma lavoura de batata-doce no sítio São Domingos, no bairro Córrego Comprido, em Santópolis do Aguapeí.

Em uma área de sete alqueires, arrendada por três sócios, estava sendo colhida, em média, 1.300 caixas por alqueire. De acordo com Roberlei Martim, um dos sócios da lavoura, caso a área plantada tivesse sistema de irrigação, a produção poderia chegar até 1.800 caixas por alqueire.

Martim informou ainda que a maior parte da colheita é transportada para Goiânia (GO), onde é comercializada. No entanto, Martim disse estar desanimado com o preço do produto: R$ 10 a caixa contendo 25 quilos. “Em colheitas anteriores, já conseguimos vender a caixa por R$ 48”, ressaltou. Recentemente a colheita da batata-doce foi suspensa.

Seringueira

Com 1.100 seringueiras plantadas há 35 anos na propriedade, cada árvore rende, em média, 10 quilos de borracha ao ano. Foi o que informou o guia do grupo, Marcos Henrique de Souza. Ao lado do seringal onde é extraída a borracha há 27 anos, existe uma nova área contendo 4.000 pés de seringueira. Como faz seis anos que as árvores foram plantadas, a extração do látex só deve ter início daqui a dois anos.

Souza explicou aos participantes que o látex é o líquido de aspecto leitoso que é extraído da seringueira, enquanto que a borracha natural é o produto primário da coagulação do látex. Atualmente o quilo da borracha é vendido a R$ 2 e o látex R$ 1,60.

O guia disse ainda que a melhor hora para extrair o látex é pela manhã, pois, segundo ele, é nesse horário que as árvores produzem mais. Souza comentou também que há vários cursos para formar ‘sangradores’ e que cada profissional consegue sangrar uma média de 150 a 200 árvores por hora.

As regiões Norte e Noroeste do Estado de São Paulo são tidas como o maior polo produtor do país, respondendo por 40% da produção nacional. São 40 milhões de pés de seringueiras e três mil produtores espalhados em 60 municípios.

De acordo com Souza, 90% da borracha produzida no país são destinadas para a produção automotiva, enquanto que outros 10% fica para o mercado livre nacional. No entanto, isso representa apenas 1% da produção de borracha natural do mundo.

O maior produtor de borracha do mundo é o continente asiático, com 91%, seguido pela África (7%) e a América Latina (2%). Isso faz com que o Brasil importe 70% da borracha que é consumida no país, representando um gasto de US$ 1 bilhão com importações do produto.

No Brasil, o preço da borracha é formado a partir da coleta, por um período de dois meses, das cotações na Bolsa de Cingapura, das taxas diárias de câmbio e das taxas diárias da Selic, acrescido de outros custos. O preço é válido para o bimestre seguinte.

Caju

Embora fora da época de produção, os produtores rurais também conheceram a cultura do caju no sítio Suenaga. Em uma área de 4,5 hectares, existem 880 cajueiros, sendo 400 pés com 13 anos de idade, 250 pés com 11 anos e outros 230 pés com nove anos. A propriedade não possui sistema de irrigação.

Conforme informou o responsável pela cultura do caju na propriedade, Akihiko Nakata, a safra começa no início de outubro e a produção é comercializada na Ceasa-SP (Central de Abastecimento de São Paulo).

De acordo com Nakata, o sítio produz anualmente uma média de 22 mil caixetas, sendo que cada unidade pesa entre 1,2 e 1,5 quilo.

No ranking nacional, o Estado do Ceará é líder na produção de caju, com 54,6% da produção, que representa 167.461 toneladas. Na sequência aparece o Piauí, com 66.133 toneladas (21,6%) e o Rio Grande do Norte, com 54.808 toneladas (17,9%), segundo dados do IBGE referente à safra 2012/2013.

Na região Nordeste do país, os produtores de caju tiveram boa remuneração na venda da castanha na safra do ano passado, com lucro chegando a 21,7% no Ceará, 15,7% no Piauí e 10% no Rio Grande do Norte. Os números foram divulgados em análise técnica da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Pirarucu

A criação de pirarucu foi a visita mais esperada pelos participantes. Nativo da região amazônica, o pirarucu, também conhecido como “bacalhau brasileiro”, é um dos maiores peixes de água doce do planeta.

Segundo o piscicultor Ricardo Hiromiti Takahashi Suenaga, os alevinos são adquiridos em Rondônia, ou seja, a uma distância de 2.200 quilômetros. Os alevinos são transportados em uma picape e, segundo Suenaga, a perda é mínima.

O piscicultor disse pagar R$ 10 por cada alevino medindo dez centímetros (cada cm custa R$ 1). Para alimentar os pirarucus, que são peixes carnívoros (se alimentam de vermes, insetos, moluscos, peixes, crustáceos e répteis), o criador desembolsa R$ 80 o pacote de ração contendo 25 quilos.

Suenaga disse que começou a investir na piscicultura há dois anos. Como o pirarucu é um peixe que vive em rios e lagos de água parada, com temperaturas entre 24º a 37ºC, foram construídas duas estufas para manter a temperatura da água em 28ºC, principalmente na estação do inverno.

Embora o pirarucu possa pesar até 300 quilos e medir até três metros de comprimento, o criador disse que tem comercializado o peixe quando ele atinge dez quilos, medindo um metro. Segundo ele, atualmente o pirarucu eviscerado é vendido em torno de R$ 28 o quilo para restaurantes japoneses em, São Paulo.

O piscicultor mencionou aos participantes que a dificuldade encontrada é que as pessoas ainda não sabem como consumir o pirarucu, algo que, segundo ele, tem sido o “grande desafio” dos criadores desta espécie de peixe.

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