Dois anos depois, Rio Aguapeí volta a registrar mortandade de peixes


Usina sucroalcooleira de Queiroz teria despejando material tóxico nas águas; em nota, direção da empresa informou que está averiguando a situação

14/04/2015 18:45 - Atualizado em 03/05/2015 11:27 | Por: Otávio Manhani

Reprodução/Imagem da Internet

Peixes recolhidos mortos no Rio Aguapeí (Foto: Reprodução/TV TEM)

Moradores de municípios pertencentes à Bacia Hidrográfica do Rio Aguapeí, na região de Tupã (SP), têm presenciado a mortandade de peixes desde domingo (12).

O gerente regional da Cetesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Estado), Paulo Wilson de Camargo, informou que os técnicos da companhia estiveram na região de Tupã desde o período da manhã de ontem (13) e comprovaram que existem peixes mortos descendo com o rio.

Eles constataram que águas residuais de uma usina atingiram o córrego Mandaguari, afluente do Caingangs, que deságua no Rio Aguapeí, também conhecido como rio Feio.

Os técnicos da Cetesb já constataram que a contaminação da água se deve possivelmente ao despejo de resíduos industriais feito por uma usina que fica no município de Queiroz (SP). Em nota, a empresa informou que está averiguando a situação.

O gerente da Cetesb também disse que a primeira coleta de água para inspeção foi realizada na ponte da estrada que liga os municípios de Arco-Íris e Santópolis do Aguapeí, onde os técnicos constataram mau cheiro e detectaram nível zero de oxigênio dissolvido, situação provocada pelo despejo industrial, e que estaria provocando a mortandade de peixes.

Peixes de várias espécies, alguns ainda filhotes, não conseguiram escapar da contaminação da água. “Está feio. Eu desci o rio com os meninos e é uma tristeza, estão morrendo vários peixes”, comentou o auxiliar de serviços Erivelton Cozine.

Um grupo de pescadores também passou recolhendo os animais que estavam boiando na água, já sem conseguir respirar. Segundo eles, também foi possível notar a presença de uma espuma escura que pode ser uma das causas da morte dos peixes.

Para o mecânico Jorge Massara, que frequenta o Rio Aguapeí há mais de 50 anos, a situação é triste e ainda pode piorar. “Com certeza vai morrer mais porque eles estão todos na beira do barranco procurando oxigênio, mas não acham. Então com certeza esses que estão nessa situação vão acabar morrendo”.

Crime ambiental se repete depois de dois anos

Esta não é a primeira vez que é registrada a mortandade de peixes no Rio Aguapeí.

Há dois anos, em 24 de abril de 2013, toneladas de peixes foram recolhidas do Rio Aguapeí após representantes da Cetesb terem identificado um reparo feito em uma tubulação que atravessa o rio e que pertence a uma usina sucroalcooleira no município de Queiroz.

Na ocasião havia indícios de vazamento de afluentes líquidos da usina, que contaminou a água do rio, causando a mortandade dos peixes. Na época, a usina foi multada pelo problema na tubulação em R$ 38,7 mil.

Na época, o secretário municipal de Meio Ambiente de Arco-Íris, Osvaldo Soares dos Reis Filho, havia dito que a quantidade de peixes mortos daria para encher duas carretas.

O Rio Aguapeí nasce no município de Gália e passa pelas regiões centro-oeste e noroeste do Estado de São Paulo até desaguar no Rio Paraná. São muitas espécies que habitam o rio como piaparas, mandis, jeripocas e dourados.