OSS assume gestão do Hospital Beneficente Padre Bernardo, de Bilac


Nova diretoria quer transformar hospital de Bilac em modelo de Hospital Essencial

30/05/2015 21:54 - Atualizado em 13/06/2015 08:33 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Hospital de Bilac passou a ter gestão de uma OSS desde janeiro

Dificuldade financeira, falta de médicos, de equipamentos e de medicamentos. Questões como estas e outras devem ficar no passado. Pelo menos esta é a proposta de trabalho da OSS (Organização Social de Saúde) que assumiu a gestão do Hospital Beneficente Padre Bernardo Braakhuis, de Bilac.

“Não se trata de uma promessa de ‘milagre’, mas, sim, de trabalho. Estamos assumindo a gestão do hospital com cautela, mas, acima de tudo, com vontade; com o pé direito”, disse o presidente da OSS-IPDH (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Humano), Antonio Carlos Pinotti Affonso.

A OSS assumiu a gestão do hospital em janeiro deste ano. Na ocasião, o grupo encontrou uma diretoria incompleta, cuja parte dos membros havia renunciado. “Muitas coisas estão sendo ajustadas. Isso não quer dizer que a gestão anterior era ruim, mas nossa proposta é profissionalizar esta gestão. Vamos informatizar e montar um centro de custos”, explicou Antonio Carlos.

De acordo com o presidente do IPDH, existe uma política de Estado de “resgate” de hospitais com o porte ao de Bilac - os chamados Hospitais Essenciais. Em todo o Estado de São Paulo, são 226 hospitais que encaixam neste mesmo perfil. “Porém, este resgate não terá como ser feito em todos estes 226 hospitais”, adiantou.

O hospital de Bilac foi considerado interessante pela OSS pelo fato de ele ter uma área de abrangência com mais dois municípios (Gabriel Monteiro e Piacatu), que está relativamente bem organizado. Com isso, a ideia é transformar o hospital de Bilac em um modelo de Hospital Essencial.

O presidente do IPDH disse ainda que Bilac pode ser, em 24 meses, um exemplo, para resgatar os outros 225 hospitais do mesmo porte que se encontram com dificuldade de gestão. “Se não tiver este resgate, eles terão que fechar. Não adianta só fazer leilão de gado e pegar dinheiro emprestado. Tem que ter uma gestão onde a receita e a despesa fechem e se ofereça o melhor tipo de assistência possível para a população”, frisou.

Antonio Carlos também descartou a hipótese de, futuramente, o hospital vir a cobrar da população por algum tipo de serviço. “Os serviços prestados à população são todos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Não há possibilidade de cobrança em consultas, procedimentos ou medicamentos. Isso é crime”, acrescentou.

Bilac poderá ser modelo de Hospital Essencial

Com nova diretoria desde janeiro deste ano e sob a gestão de uma OSS (Organização Social de Saúde), o Hospital Beneficente Padre Bernardo Braakhuis, de Bilac, tem fortes chances de ser transformado em um modelo de Hospital Essencial.

Foi o que garantiu a empresa IPDH (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Humano), que é uma OSS com oito anos de existência. A empresa tem como presidente o médico clínico-geral Antonio Carlos Pinotti Affonso, que é formado em medicina desde 1982 e trabalhou durante 19 anos junto a Secretaria Estadual da Saúde.

Em fevereiro deste ano, Antonio Carlos e seu filho, Antonio Monteiro Pinotti Affonso - que é diretor financeiro do IPDH -, estiveram na Câmara Municipal de Bilac para esclarecer algumas dúvidas aos vereadores sobre as mudanças no hospital da cidade.

Na ocasião, o presidente do IPDH disse que “hospital tem que ser gerido por quem entende de hospital” e que a empresa unirá gestão e assistência. Ele garantiu que o projeto é bom e Bilac está pronta para enfrentar este desafio. “O projeto vai se consolidar porque temos meios de buscar recursos”, reforçou.

O diretor financeiro da OSS-IPDH explicou que neste projeto de Hospitais Essenciais do Estado, aqueles hospitais que tiverem qualidade de gestão, projeto de longo prazo, inovação, pesquisa, receberão um aporte adicional de custeio.

“No caso do hospital de Bilac, observamos um potencial pouco aproveitado, pois a região é boa e com porte exatamente do modelo que o Estado está procurando”, disse Antonio Monteiro.

Hospitais Essenciais são aqueles localizados em pequenos municípios, que atende até 30 mil habitantes e recebem pouca subvenção. Diante disso, foi apresentado um projeto, mas esbarrou na questão orçamentária. Atualmente, o governo do Estado - que até então bancava o déficit do repasse financeiro do SUS - não dispõe mais deste recurso.

A opção, segundo Antonio Carlos, foi colocar alguns hospitais deste porte como piloto. Entre os hospitais visitados pela OSS, o de Bilac foi considerado interessante devido a área de abrangência, que atende outros dois municípios (Gabriel Monteiro e Piacatu), e considerado relativamente bem organizado.

Dívidas

Ao assumir a gestão do hospital de Bilac, a OSS-IPDH se deparou com uma dívida até o final deste ano de quase R$ 300 mil, além de um déficit mensal de aproximadamente R$ 40 mil. Estão inclusos nesta dívida os fornecedores e débito do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

De acordo com Antonio Carlos, a empresa já realizou algumas adequações quanto a isso. “No passivo fiscal foi feito uma adesão ao Pró-SUS, que é uma moratória, onde fizemos um aporte para consolidar o Pró-SUS”, explicou.

Ele disse ainda que a OSS-IPDH recolheu algumas guias que estavam pendentes para não perder o prazo do Pró-SUS. Com isso, o hospital conseguiu a habilitação e, agora, consolidou o Pró-SUS. “Precisamos das certidões em dia para poder avançar, para conseguir convênios e parcerias com o governo do Estado”, avaliou.

Antonio Carlos ressaltou que quando o hospital de Bilac for consolidado e tiver o perfil adequado de um Hospital Essencial, a entidade deverá receber um custeio mensal maior da Secretaria Estadual da Saúde.

Futuro

O diretor financeiro da OSS-IPDH ressalvou que o Hospital Essencial é um projeto de futuro. “E esperamos estar aptos para participar deste futuro. Como vamos fazer isso? Administrando”, disse.

“Nós renegociamos com fornecedores e credores, retomamos ação da revisão fiscal do Pró-SUS. A partir deste ponto, a gente está estancando o problema. Fizemos aporte financeiro para complementar e deixar o hospital num nível de funcionalidade normalizado, pois a questão da fragilidade financeira desmotiva a equipe que atende as pessoas. Nossa preocupação agora é ter uma normalidade financeira”, acrescentou Antonio Monteiro.

Agregar serviços

A ideia da OSS-IPDH é agregar novos serviços, tanto a clínica de especialidades, como algumas revisões de metas de produção SUS. “Isso porque hospitais que têm determinada produção SUS também são premiados. Se tem hospital com projetos e gestão, vem mais dinheiro”, explicou Antonio Monteiro.

O diretor financeiro da OSS-IPDH disse que será através desta revisão de gestão é que a nova diretoria conseguirá suplementar o déficit do hospital de Bilac.