Sem-terra estão acampados na região


De acordo com o MST, algumas fazendas de Bilac, Gabriel Monteiro e Piacatu são de interesse para a reforma agrária

16/02/2010 16:07 - Atualizado em 07/10/2021 15:35 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Acampamento “Barreirão”, em Piacatu, já tem movimento de cidade

Mais de cinco mil famílias, divididas em quase 70 grupos, amanheceram no dia 13 deste mês com acampamentos de sem-terra em 22 fazendas da região de Araçatuba e Andradina. Trata-se do “Carnaval Vermelho”, organizado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Entre Bilac e Gabriel Monteiro, às margens da estrada vicinal Vereador Pompílio Martineli (BIL-001), os acampamentos foram montados próximo das fazendas São Bento e Santo Antonio. Na mesma direção, na estrada denominada Gabriel Melhado (SP-461), às margens da Fazenda Santo Anastácio, há outro acampamento.

De acordo com o MST, as três fazendas são consideradas de interesse para reforma agrária. Neste trecho, aproximadamente 800 pessoas que já têm barracos no acampamento Adão Preto, no bairro rural de Engenheiro Taveira, em Araçatuba, se organizaram em sete grupos de barracos.

Em Piacatu, segundo os coordenadores locais, há aproximadamente 300 barracas cadastradas. As famílias acampadas são todas da cidade. O acampamento, denominado Barreirão, fica localizado às margens da Fazenda Hortelã, localizada na estrada vicinal Thomas Cristoph Baumgartner (PCT-020), que liga o município a Guararapes. Os barracos, a maioria construídos com bambu e lona, foram montados ao lado do Córrego Barreiro.

Mesmo sem água encanada e energia elétrica, as pessoas dizem “não arredar o pé” do local. Segundo o grupo, a intenção é permanecer naquele lugar sem invasões, ou seja, de forma passiva para que não haja confusão.

O acampamento Barreirão foi montado há seis quilômetros da cidade. A estrada vicinal que dá acesso ao local possui vários trechos esburacados e não tem acostamento.

Por essa vicinal, passam diariamente várias carretas de caminhões transportando cana-de-açúcar, pois é a principal via de acesso à usina de álcool, em Guararapes.

Os acampamentos montados em cidades da região foram idealizados por José Rainha Junior, que, apesar de dissidente do comando do MST, organiza ações com a bandeira do movimento.

A reportagem do Comunicativo este no acampamento três vezes. A cada dia, novos barracos são construídos. Tem barraco que já foi plantado árvores em frente para fazer sombra e uma pequena horta.

O local também se transformou em ponto turístico. Todos os dias, o acampamento recebe visitas de pessoas, principalmente adolescentes, que vão de bicicleta ou de carona com algum dos acampados.

ELEIÇÕES 2010

Há quem diga que esta onda de acampamentos pela região está relacionada às eleições de outubro deste ano. Isso porque Diolinda Alves de Souza, esposa de José Rainha Junior, deverá concorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Filiada ao PCdoB, Diolinda possivelmente será candidata a deputada estadual. Em 2006, ela disputou as eleições pelo PT, mas não foi eleita. Teve 13,6 mil votos como candidata a deputada estadual.

Em acordo fechado no final de outubro do ano passado, Diolinda fará “dobradinha” com o sindicalista José Avelino Pereira, o Chinelo, pré-candidato a deputado federal pelo PSB. Em 2006, ele obteve 22 mil votos, mas não foi eleito.

Com os assentamentos de Araçatuba, Andradina e Pontal do Paranapanema somam-se 15 mil famílias, correspondendo, no mínimo, a 30 mil eleitores.